"Drogas são um assunto tabu": a perspetiva dos jovens relativamente à educação e intervenção no uso de substâncias psicoativas antes da idade adulta

O uso de substâncias psicoativas é um fenómeno global e presente nas sociedades, iniciando-se, frequentemente, em idades inferiores às consideradas como a maioridade. A menoridade acarreta especificidades legais e sociais que se acentuam quando existe o uso de substâncias psicoativas. Apesar da intervenção com este público-alvo ser bastante comum, estes são os menos ouvidos. Tendo em consideração as vantagens inerentes à auscultação dos jovens, procurou-se, nesta investigação, através de um estudo retrospetivo, providenciar-lhes um papel na identificação das suas próprias necessidades, dos obstáculos no acesso e uso de serviços de saúde gerais e de redução de riscos e das possíveis mudanças necessárias para uma resposta mais eficaz, congruente e empoderante ao uso de substâncias psicoativas antes dos 18 anos. Ainda, de forma complementar, a perspetiva e experiência dos profissionais de redução de riscos foi também valorizada. Em termos metodológicos, o estudo deste fenómeno assumiu um caráter qualitativo complementado com a dimensão quantitativa, apoiando-se numa abordagem multi-método. A conjunção dos dados demonstram várias vertentes relativas à educação e intervenção neste temática. Salienta-se a importância da educação sobre substâncias psicoativas, nomeadamente no contexto escolar, e o papel significativo que a rede informal assume. Ainda, ao nível da intervenção, a falta de conhecimento sobre serviços, a necessidade de informação e confidencialidade são aspetos referenciados pelos jovens. No geral, o conhecimento é a maior carência e à vulnerabilidade de ser menor de idade somam-se outras derivadas das diferentes circunstâncias sociais em que os menores se encontram. Desta forma, a filosofia da redução de riscos surge como uma possível resposta interventiva, sendo o contexto escolar privilegiado para a sua difusão